quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Fumaça







É isso mesmo!






Quero o silêncio perturbador, caótico, que engrandece, que constrói, que destrói, que destoa, que canta, que assovia, que gira, que sibila. Quero renovar-me, ampliar-me, desconstruir-me em mim. Quero os gritos, a briga, o caos, a luta, a negociação, a negação, a batalha, a barganha. Não posso mais só brincar, necessito intuir mais inverdade, discussão, crescimento, chuva, término, responsabilidade, princípio, ciclo, meio, fim e começo.

Não, eu não quero estabilidade, nem tão pouco certeza, faça-me o favor. Não me concilio com garantias, estendidas ou não, precedidas, entendidas, ao sol pra secar. Não sei lidar com prazos, divisões, aluguéis, contas, hipotecas. Não sei me envolver com ressalvas, limites, cálculos, derivadas, equações, intenções, demonstrações.

Não almejo tranquilidade constante, mas sim de instante, eternidade, passividade, intencionalidade, conforto, acomodação, repressão, prisão. Ser amordaçada não me condiz, não diz, me fiz entender? Sigo sem entender planejamentos, restrições, regras, leis, barreiras e obrigações.

Se o caos é divino, e divinamente eu me defino em caos, não irei mais me traduzir simultaneamente. Não, não vou falar menos poeticamente, de modo a me fazer entender, não vou repensar com intenção de formular idéias mais lógicas, não vou intelectualizar meus pensamentos para ser mais lúcida e muito menos vou me embrenhar e me desgastar nesse exaustivo exercício de fazer sentido.

Sou sendo. E sendo sou bagunça, caos, furacão e tempestade. Não mais espero de mim imutabilidade, essência facilmente apreensível, dizível e constância, não vou nos iludir assim. Se for mesmo pra ser sendo, vamos assim em risadas, lágrimas, intensidade, clímax, depressão, aperto, desejo, intenções e tudo mais a que nos intencionamos. Quando percebo que eu sou eu, eu sou você e talvez o mais importante de tudo seja que, no fim das contas, você sou eu; mudamos o rumo da conversa, nos afastamos do abismo mergulhando nele. E a matéria quando se encontra, se choca, se ama, se enrosca, produz algo que transcende.

Chega mais perto enquanto eu olho pra dentro e silencio o exterior. Enquanto a música embala uma só constatação, sou una com o mundo, me torno una com o alvo e é me misturando que me encontro. Enquanto a gente dança, samba e flutua, a música conta o que a gente já sabia e quem sabe o que a gente ainda haverá de saber.

"We are the middle children of history, man. No purpose, or place. We had no Great War, no Great Depression. Our Great War is a spiritual war, our Great Depression is our lives"

(obs.: texto escrito depois de uma meia hora do filme "Fight Club", como proceder agora, depois do fim do filme, com essa explosão mental?)