segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Pishsalver ou Upelkuchen?

(respondendo à Gabilinda)

Estava ali, um frasco de um conteúdo qualquer em uma estante empoeirada, enfilerada com uma diversidade de outros frascos. Definitivamente só diria que o conteúdo era qualquer, porque me era desconhecido, misterioso, mas falar que era um frasco qualquer era total tolice, dava pra perceber muito bem que esse frasco tinha algo de diferente. Suas cores destoavam do resto, ele reluzia, iluminava a estante inteira. O que seria?

Enquanto os outros frascos permaneciam grande parte do tempo em um silêncio oco, ou se desprendendo em palavras vazias, aquele frasco silenciava imensidão indescritível, gritava poesia. Era simplesmente intenso de se presenciar, por vezes lindo, outrora assustadoramente envolvente.

Desde que me recordo, foi assim. Intensidade, sorriso, lágrima, palavras, poesia, música, cinema. E não seria um simples rótulo de papel, mutável, escrito em letras garrafais e com um conhecimento limitado que mudaria toda aquela imensidão que o frasco me trouxera em pouco menos de um ano de intenção.


Te amo, Gabilinda. E sei que frasco é uma metáfora muito pobre pra falar de você, mas foi a primeira que eu encontrei. Acho que foi pra dizer só que um rótulo não vai conseguir mudar, pelo menos pra mim, quem você é, essa pessoa formidável, não vai conseguir mudar uma vírgula de tudo que vivenciei com você. Eu acho que o rótulo só limita, sabe? E você consegue representar tanta coisa pra mim ao mesmo tempo, coisas que um rótulo não passa nem perto de fazer. Espero continuar sendo um porto seguro pra você, uma amiga psicóloga que larga a psicóloga de lado pra poder dialogar de verdade, sem personas. Bem, espero ter conseguido responder suas indagações...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Cerrado

Hoje está tudo assim, meio nublado, mas sem possibilidade de chuva, entende? Nem ao menos uma chuva pra me aliviar desse marasmo, nessa quarta com a maior cara de domingo que se possa ter.

O dia lá fora: lindo, quase perfeito. O sol brilhando, algumas nuvens que flutuam num céu mais que azul, só para dar um charme e fazer com que o pôr-do-sol que há de vir fique mais adornado.

Mas aqui dentro fico com essas nuvens cinzentas, pesadas e imóveis. Tudo em mim fica represado hoje. Bate um medo de olhar para o lado e ser definitivamente só eu mesma. As páginas que deslizo suavemente desse livro com cheirinho de novidade reafirmam minha estranheza em ser uma.

Essa raiva e rudeza só vem para esconder a verdade incômoda. Por mais que venham todas as reflexões, as constatações mais brilhantes, hoje sou sim pesadelo e daqueles que nos tiram o ar, do qual não conseguimos acordar sozinhos. Hoje sou relutância, incerteza, nó na garganta e até mesmo um leve desespero. Precisava mesmo acordar e perceber, como em outros dias que a minha verdadeira natureza é felicidade, mas infelizmente, não hoje...