terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Calafrios

Aqui dentro

O nó na garganta aperta, palpita. A pedra vai pesando, aos poucos. As têmporas latejam, persistem. O estômago revira, pouco entendo. O ar que me falta, sufoca.
As verdades roçam suavemente pelo meu rosto. Pouco saberia dizer sobre as vontades que insistem, gritam e me tiram o sono. Se ninguém compreende o que falo vez após vez com os olhos fechados e os pés no chão, o que tenho a atestar?
Brevemente, posso enxergar as palavras pálidas que deslizam por entre a melodia. As palavras que se fizeram de canção tinham sentido? Não seria somente a intenção se fazendo presente nessas letras que nada explicam? É assim, em um baque, as notas se insinuam em meio ao ambiente ecoante e a falta de ar que inebria me atinge.
O soneto se fazia de dissonâncias confusas e harmonias inexplicáveis. A visão fica turva e as pernas já não sabem bem por onde vão. O que seria essa vontade indescritível de simplesmente se deixar levar pelo descontentamento? As pessoas passavam por mim e tudo fica assim, meio desbotado, um tanto blasé.

Lá fora

As mãos gélidas empalideciam cada vez mais, enquanto o vento batia na janela carmim. A expressão dela, quase cadavérica denotava uma mudez quase intencional. Os seus olhares furtivos pareciam sem propósito. Ninguém notava seu silêncio desesperado.
Era outro daqueles dias, inevitáveis, dias de marasmo.

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