terça-feira, 29 de junho de 2010

Acordo

Tentei dizer sobre os gritos perdidos, os sonhos contidos e as verdades em ênfase. Sabia ensaiar por entre as vontades intensas que entendiam muito bem onde queriam chegar. Acho que sou mesmo assim, eternamente insatisfeita e mal resolvida, rogando por descanso, prevendo intensidade e cobiçando muito mais do que posso me permitir nesse instante de exaustão: minha pele na tua, vez após vez.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vinte dois em vinte dois

Acho que todos tínhamos que ter em nós, um pouco mais de Gabi. Um pouco mais de intensidade, de paixão, de sorriso, de abraço e de poesia.
Nos seus vinte dois em pleno vinte e dois, te desejo telefones deixados de lado para cantar lavando louça sempre que julgar necessário, mas também te desejo muitos dias de canção compartilhada, de vozes alternadas e de deixar a louça mofando suja na pia.
Essas palavrinhas são só pra acompanhar o abraço que dei mais cedo e pra dizer que você e nosso grupinho de terça-feira (que deixa saudades até mesmo em dias de gramado) faz muita diferença em minha vida.
Ainda tento fazer de romantismo quase um exercício de lógica e um encadeamento racional de argumentos e só espero que você entenda.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Enfim, sem fim... [Setenta e Sete]

Malditas lágrimas que insistiam em se esgueirar por entre meus dedos gélidos cobrindo a face. Eu estava cansada de observar sempre os mesmos finais irremediavelmente felizes na superfície, porém totalmente fúteis e mórbidos por trás de suas máscaras. Só posso dizer que por trás de uma grandiosa máscara sempre existe outra máscara.
Também me cansei de realizar finais infelizes em superfície, porém tão cheios de significado. Não sabia mais se realmente desejava trocar meu contentamento por ser uma pessoa completa. Completude traz alegria? Independência? Isso tudo me deixa exausta, me empalidece e me torna alguém que não sei mais se desejo ser.
Acho que sou exatamente o que se pode nomear de alguém eternamente insatisfeita. Seria somente por um motivo: para mim, aqueles instantes mudos seriam eternos.
Sentia-me tão ingênua brincando de ser feliz. Tão ingenuamente invencível, inabalável e intocável. E mesmo assim, quando a brincadeira chegou ao fim, meus punhos ligeiramente cerrados (que outrora perderam uma briga contra a menina refletida no espelho, entretanto esse foi um longo dia) resistiam e tocavam o céu, esbarrando nas nuvens de algodão.
Eu continuava a pressentir que ali em um canto qualquer no fim da rua (o problema seria descobrir que rua, que fim, que canto...) alguém estava a me observar sentada na calçada. Não me agradava essa sensação. Nunca apreciei ter atenção de qualquer espécie voltada para mim. Sempre fui o tipo de garota que prefere passar despercebida, praticamente invisível, em meio a multidão, apesar de isso acabar me gerando problemas de outra ordem. Preferia não ser notada para não ter que virar alvo de comentários, entretanto parecia ironia que por motivos desconhecidos eu sempre sentia uma presença a me observar com seus olhos fugazes.
Quem eu era afinal?
Sentia-me um tanto criança, as pontas dos meus pés displicentemente tortos remexiam o asfalto, enquanto meus calcanhares se erguiam em direção a calçada e o meu sapato xadrez escorregava suavemente dos meus pés.
Sentia-me um tanto adolescente, uma mão repousada no queixo, conferindo um ar de quem reflete sobre o mundo inteiro, ou só sobre seu próprio umbigo e a outra arrumando o cabelo recém aparado com muita coragem.
Deveria sentir-me um tanto adulta, é o que gritam o passar das estações vividas, mesmo que minha existência me dissesse o contrário em meio aos berros.


Série de textos velhos, do ano passado, mas agora que comecei a postá-los, postarei todos. xD

terça-feira, 15 de junho de 2010

Técnica

Constantemente assim. O esforço mudo diz muito. Não posso parar e deixar o tempo só passar por mim. As teclas em melodia ilustram o que a verdade faz comigo: faz de mim o que quiser. Até parece que é assim, sendo capacho sou empenho e o que eu ganho? Nada, ou quase (um quase ínfimo) nada.
É justamente em uma hora dessas que a fúria transborda. Misto indescritível, difícil de adivinhar. Desejo velado, ou escancarado, não poderia dizer sobre os arrepios ausentes. A dedicação engendrada, a falta de palavras, simplesmente invontade em dizer. E de que adiantaria? Essa frustração agora é passageira, mas vai se somando a tudo mais que passa até que chegue um momento em que o passageiro se faça presente, constante. E quando essa hora chegar, o que hei de fazer?
Deveria me esforçar em ser mais metódica, menos envolvente. Continuo esperando de mim mesma mais do que posso oferecer. E o que me resta? Tudo que sobra me falta, endivida-me. O que poderia dizer sobre as frases ausentes, faltantes em intenção? Por que tantas perguntas se as respostas são fugidias? Queria poder abraçar essa intensidade, sem saber o que virá. Queria poder cerrar os dentes e aprisionar minha voz, entorpecer a garganta insistente.
Eis que outra vez fico de pés no chão e rosto contra a parede. Os dedos estendidos tateiam o vidro turvo e tentam alcançar lá fora. As mãos gélidas deslizam pela cortina encardida. O alvoroço que se arquiteta pela janela afora só reafirma o conhecido: “É, cansei”.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Hoje vai ser UMA? feeesta

O que fazer quando dois dos homens mais importantes da sua vida fazem aniversário no mesmo dia? Escrever dois testimonials descabeçados pela manhã, logo depois de acordar, quando o mundo ainda não se encaixa nos ideais esperados de racionalidade e a realidade ainda se mistura difusamente com os sonhos e pesadelos da noite anterior, lógico!
Namorado

Sabe o que acontece? Ele faz TUDO errado!
Parte I: Olha pra mim, me acha sedução e zoa da minha cara até eu achar que ele não vai lá muito com a minha pessoa.
Parte II: Gamei, gamou, brinca com a minha mão e reclama sobre o cover dos The Beatles no meio do Londres.
Parte III: Me deixa sem rumo, fico sem graça brincando com a florzinha fúscia do meu cabelo, perco a flor, além do rumo.
Parte IV: Estamos obviamente juntos, ele viaja no dia seguinte e fica um mês longe do meu mundo, trabalhando, praiando, comendo carne moída e esporadicamente enfrentando enchentes destruidoras de malas.
Parte V: Vai pro sítio, de madruga - Zoombie Walk in Silent Hill, tosse até virar do avesso, logo depois compra barraca e saco de dormir para voltar.
PARTE VI: Viaja pro escafundó, de onde surge a nova dança do estado do Pará e fica lá até mesmo no DIA DO ANIVERSÁRIO DE 21 ANOS DELE! Pééém!

Ah, parabéns, meu bem. Que você continue sendo essa pessoa simplesmente extraordinária.
Te amo.

;*
Irmão
Ele definitivamente não é uma pessoa normal.

Nas festas fica sentado, enquanto as outras pessoas batem cabelo e agem como se ninguém as visse fazendo o que elas queriam fazer se ninguém pudesse vê-las. Já dentro do carro, enquanto eu fico de estômago ruim e de cara feia pro Elton John com seus ternos de lantejoulas e purpurinas no som, ele dança com o Romance Ruim da Lei de Gagá, ou com a música do Antes de Cristo/Depois de Cristo que vieram da Corrente Alternada/Corrente Contínua de uma máquina de costura sobre a Autoestrada que conduz direto pro Inferno rindo da cara dos Zepellins com Leds azuis, que na verdade queriam ser de Chumbo e sua música sobre Escadarias pro Céu.

Pronto, taí o depoimento de alguém que faz conexões nada usuais, além duma breve história da música dos bons tempos: Roquenrou, baby. ;D E uma mençãozinha a popstar da vez, batida, mas "é o que tem".

Parabéns, maninho. Agora você é gente graaaaande 18 aninhos. ^^
E tenho dito: normal ou não, acabo me vendo obrigada a gostar de você.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Enfim, sem fim... [A Curiosa]

Ninguém saberia dizer quando começaria, mas aquela brisa inconfundível de verão em pleno inverno atestava uma coisa: todas as cores do mundo não tardariam a vir. O momento era único e perfeito, mais perfeito do que único. Ela fechava os olhos e de repente sentia uma onda de calafrios que percorriam seu corpo inteiro em sentidos aleatórios. Ela podia sentir claramente pelo menos três deles se não desviasse o pensamento. O primeiro começava nas pontas dos dedos dos seus pés e subia até seu último fio de cabelo. O segundo se movia em círculos nada uniformes por seus braços. Outro deles escorria por seu pescoço, mudando de direção e seguindo por suas costas. O momento fora aquele e alguns segundos depois acabara.
A menina ficava só sentada na calçada, com as duas palmas do pé apoiadas no asfalto e o peito comprimido contra os joelhos parcialmente cobertos pela renda branca do vestido. Ela não conseguiria verbalizar tão enorme descontentamento que a invadia no dado instante. Era sempre assim! Em um momento ela sentia como se soubesse a resposta para todas as suas indagações e já no momento que se seguia ela se sentia completamente inócua e ignorante.
Uma blusa muito fina estava jogada nos seus ombros, os quais de outra forma ficariam nus. A fita de cetim que lhe enfeitava os cabelos ia caindo lentamente, ao passo que ela desabotoava seus lábios e sussurrava de leve, como fazia quando era ainda criança, só para vislumbrar o rastro de fumaça que se desprenderia no frio cortante.
Ela sabia, intuitivamente que eu a observava por entre a neblina opaca. E duvido que pudesse não saber como eu a admirava com todas as minhas forças. Eu, sempre tão distante e curiosa, sempre tão ausente enquanto presente. Admirava a forma como ela levava sua vida e parecia distraidamente não se dar conta de que cada atitude memorável e firme que ela tomava não era por mero acaso, tudo aquilo era totalmente premeditado por sua inocente sabedoria.
Depois de muito tentar ser bem resolvida, decidi de vez: o melhor é abraçar essa minha angústia que muito duvida, quase sempre não sabe e de vez em outra produz.