terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A terceira, da direita para a esquerda

O que fazer nos dias de intensidade vazia e olhos fechados? A familiaridade ausente no ambiente costumeiro tinha algo a dizer. Ela continuava omitindo o mais óbvio na forma de uma raiva fugidia, enquanto os nós dos dedos, sobressalentes, se apertam contra a madeira avermelhada.
Ela não conseguia apreender muito bem quem era. Na verdade, não conseguia mesmo e ponto final. Poderia dizer que quase apreciava distrair as situações, enganar as vontades e negar os motivos. A garganta em nó nada mais queria afirmar do que uma angústia fundada em não saber. As palavras se misturavam àquela sensação ímpar que lhe roubava não só o ar, mas também a certeza.
Com todas aquelas vozes soltas, flutuando no espaço vazio, ela fingia não ouvir cada palavra com os olhos cerrados e a atenção aparentemente distante. Os olhos fechados conseguiam entender cada instante enquanto se faziam passar despercebidos.
O chão acinzentado e opaco refletia fracamente todos os anseios nada oportunos. As paredes brancas e irregulares a sufocavam. A porta semi-aberta rangia insistentemente. A cabeça lhe pesava sobre os ombros, as idéias esparramadas de forma sutil e silenciosa cansavam. Os suspiros aspiravam serem notados por um ou mais sorrisos no fim da fileira. As aspirações suspiravam tentando se predizer em outras intenções.
Queria tanto atentar-se para o que sabia espontaneamente e sem meias- palavras sistematicamente mensuradas, antes de tudo lhe atingir os olhos que se apertavam mais uma vez, uma última vez. Os olhos, agora abertos, se embaçavam ao se depararem com a luz excessiva.

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