sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Pedra, Papel e Tesoura

A pedra no peito não pesa mais. Provavelmente foi sendo corroída pelas ondas que batiam de forma cada vez mais certeira, ondas desse beijo imenso onde ela pôde se afogar. Ainda tentava decidir o que era menos arriscado e testava, mais uma vez, o que estabilidade queria dizer, que certezas eram impelidas ou impedidas.
A caixa de risadas estava inevitavelmente danificada, passara o dia sorrindo torto, com o sorriso quebrado e o riso desafinado. Não sabia o que isso queria dizer. Seria um atestado de que o contentamento não apareceria? Ou seria uma simples revolta, um atentado de auto sabotagem, lhe dizendo que não deveria rir quando a graça não se fizesse presente?
As costumeiras cordas da auto-repressão estavam frouxas, ela se sentia quase livre de quem precisava ser enquanto todo mundo a observava incessantemente. As palavras fluíam sem que ela sentisse algum controle direto sobre o que era dito.
Ela tentava entender como poderia sentir sem explicar para si mesma ou para o mundo inteiro. Ele tinha aquela tendência irremediável de racionalizar sentimentos irracionalizáveis e se sentia confuso, tentando apreender o motivo de ela, de vez em outra, virar tudo de pernas pro ar. Enquanto ela traçava cabides com as tolices costumeiras dele, ele insistia em trazer para ela intensidade desmedida: os dentes que se cerravam suavemente e os lábios sonoros.

(Pedra no peito emprestada do Chico Buarque e Beijo imenso onde eu possa me afogar emprestado dos Los Hermanos.)

3 comentários:

  1. Então ele a testou demais, se esquecendo de que ela também tem seus limites. E foi assim que ambos perderam para si mesmos a quase divertida guerra.

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  2. maldito padrão social, aquele no impede de nos expressarmos sobre as coisas da forma q realmente nos sentimos. os diversos sorrisos falsos q expressamos às pessoas para manter um bom moral, os agradecimentos e elogios q apenas funcional para dar continuidade no convio social..., as vezes me parece q as pessoas preferem viver num mundo de mentiras, msm com conciência da verdade, idealizando um monto fictício porém mais conveniente.. =/

    ótimo poema(esse elogios foi verdadeiro viu! =D)

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