sábado, 11 de fevereiro de 2012

Descarte

Seu violão distorcido não diz de nós
O tempo que condiz, não contribui
É estranho dividir uma realidade com você
Se nem somos do mesmo universo

A música no improviso ressoa, entende
Eu fico sem saber o que dizer
Permitindo-me me inspirar
Por uma verdade que nem ao menos é minha

Cada um em seu ofício
E o meu ofício que é nenhum?
Cada um com suas respostas
E a minha resposta que é pergunta?

A gente tenta soar no mesmo ritmo
O descompasso atrapalha, atrasa
Eu não trato de corrigir as rasuras
Tudo segue como se nada tivesse acontecido

Eu não olho, não percebo, não completo
Fico sentada no canto, dizendo
Mas ninguém compreende mesmo
Quando as palavras já são mudas

Quase ninguém percebe percebe que é assim que me comunico
Nos silêncios permissivos da melodia alheia
Quase ninguém nota que é assim que mais falo de mim
Nas notas perdidas do equívoco anunciado

Não entendem, podem até tentar perceber
Minhas frases incompletas gritam
Enquanto todo mundo sai do eixo
Quando todos mergulham em algo que não diz de mim

Fica frio aqui fora, quieto
É penoso saber que no lamentar é que mais sou poesia
Os universos se estendem, não se entendem e colidem
As verdades se separam, se distanciam

E não importa mesmo
Se eu pudesse ser quem eu quisesse ser
Seria conforto e distância
Se pudesse estar onde quisesse estar
Estaria tranquilidade e acomodação
Porque o que mais dói agora é não ser/estar nada disso
Nem ao menos pra poder passar despercebida

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