sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Poesia da pequenez

A caneta só está lá
Repousando
Flutuando

O papel só fica ali
Contemplando a madeira desgastada
Dizendo sobre as aspirações de tinta

É mais do que simplesmente papel
É um rascunho de intenções
Uma lista de vontades
Uma compilação de reverberações
Um apanhado de imensidão

Só que mesmo assim não passa de papel
Dependente de minha disposição
Desejante de minha intensidade
Cego à sua pequenez
Surdo à sua potência
Mudo à sua desilusão

Faço de papel horizonte
Faço de caneta permissão
Enquanto a poesia faz de mim
O que ela bem quiser

(Transcrito depois de 14 min de "Só dez por cento é mentira". Obrigada por existir, Manoel de Barros)

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